Depois de um interregno de um mês e alguns dias, o blogue Jornalismo Digital, mantido, entre outros, por Elisabete Barbosa, regressa ao activo. A página lavou a cara. «Com a nova imagem vem também um novo fôlego que, esperamos, não esmoreça como tem vindo a acontecer recentemente», escreve Elisabete Barbosa.
Nós felicitamos e também esperamos que o projecto não esmoreça.
Blogue Jornalismo Digital está de volta
Junho 9, 2007Investiguem, mas até certo ponto
Junho 7, 2007Um jornalista da Gâmbia foi condenado a pagar 2.000 dólares ou passar um ano na prisão. Tudo porque escreveu um artigo onde apresentava os nomes de alegados planeadores de um Golpe de Estado. Entre eles estava o de um ministro do actual governo, que alcançou o poder precisamente através de um Golpe de Estado, em 2001.
do jornalismo português
Junho 6, 2007Para as gentes que à hora se encontram pela capital, há hoje o lançamento do livro Jornalistas: Do ofício à profissão. Mudanças no jornalismo português (1956-1968), de Fernando Correia e Carla Baptista, na Sede da Editorial Caminho – Auditório Vítor Branco (Av. Almirante Gago Coutinho, 121 – Lisboa). A coisa está marcada para as 18h30 e é apresentada por José Carlos de Vasconcelos, José Manuel Paquete de Oliveira e Urbano Tavares Rodrigues.
«Este livro é um retrato vivido da forma como os jornalistas portugueses foram construindo um território profissional, orientado por valores éticos e humanos e definido pela posse de competências e saberes específicos», lê-se na apresentação oficial.
El Pais tem a melhor página de informação em espanhol
Maio 28, 2007Diz a briefing que o diário espanhol, El Pais, foi distinguido pelos EPpy Awards 2007 na categoria de melhor página de informaçaõ em espanhol.
Para saber o que é a EPpy e consultar a lista dos premiados divulgada hoje, basta ir aqui. E só para satisfazer os mais esperançosos: não, não há nenhum site português premiado.
«A informação de referência não tem de ser paga»
Maio 25, 2007Quem o diz é António Zilhão, administrador da Metro News, que vai alimentar o mercado com um novo diário gratuito. A coisa chama-se Meia Hora e tem lançamento previsto para 6 de Junho. O investimento inclui a participação da Cofina Media, num total de dois milhões de euros – espera-se retorno em três anos.
A Meios e Publicidade, fonte destas curtas linhas, traça o perfil pretendido para o jornal (o negrito é da nossa responsabilidade): «Inspirado no gratuito espanhol ADN, a publicação quer competir no mesmo segmento de títulos como o Público ou o Diário de Notícias. 100 mil exemplares de tiragem, visando alcançar uma audiência potencial de 300 mil pessoas, é a arma que o novo gratuito apresenta para a conquista de mercado. Semáforos (50%), escritórios/edifícios comerciais (20%), bairros residenciais com alto poder de compra (15%), transportes públicos (5%) e uma selecção de restaurantes em Lisboa (5%) compõem o mix de distribuição do novo diário gratuito que, com esta selecção, procura ir ao encontro do target do título, a classe A/B.»
A redacção vai ser liderada por Sérgio Coimbra, «antigo director da National Geographic e até há pouco tempo correspondente em Washington de diversos orgãos de comunicação nacionais como a SIC Notícias, Sábado ou Diário Económico». Jornalistas serão 15, «com experiência sobretudo em rádio e televisão e com uma média de idades a rondar os 30 anos».
Primeiro clube português com canal de televisão
Maio 23, 2007O Sporting Clube de Espinho é o primeiro clube português a emitir no seu site uma secção de vídeos, com notícias, reportagens, resumos de jogos e entrevistas, a denominada SCE TV. Este bloco de informação tem uma periodicidade semanal.
Para saber mais ler aqui
da actividade do Cenjor
Maio 21, 2007Zero é o número de cursos que actualmente o Cenjor tem programados. A diversidade não é sequer uma questão que se coloque. Resta tentar perceber os motivos.
Pela liberdade de expressão
Maio 9, 2007Vinte repórteres de países africanos e do Médio Oriente vão criar a União dos Livres Trabalhadores dos Media (a tradução é minha). «We need more pluralism in our societies», afirma um dos responsáveis da iniciativa, que nem sequer é jornalista um activista de nome Saad Eddin Ibrahim. Segundo os criadores do organismo, a liberdade de expressão é constantemente violada nos países onde exercem a sua profissão: Egipto, Arábia Saudita, Líbia, Síria e Marrocos.
Um caso invulgar
Maio 9, 2007A possibilidade da Reuters vir a ser adquirida pelo grupo canadiano Thomson é cada vez mais real. E está a causar uma situação no mínimo caricata. É que não acontece todos os dias a um jornalista ter que escrever sobre a venda do próprio órgão de comunicação em que trabalha.
Temos pois que a agência noticiosa Reuters publica notícias sobre a venda da empresa Reuters (que não se cinge apenas à informação) no seu site. E, entre outras coisas, diz que a Reuters se recusa a revelar isto e aquilo. A situação é curiosa e, no final de cada notícia relacionada com o tema, a agência britânica apresenta o seguinte esclarecimento:
“Reporters and editors involved in writing and editing this report may own Reuters securities and are bound by the Reuters Code of Conduct, which restricts dealing in securities in companies a journalist is reporting on.”
A verificar-se, o negócio dará origem à Thomson-Reuters, maior empresa de informação financeira do mundo, que passará a deter cerca de 34 por cento da quota de mercado, valor superior ao conseguído pela norte-americana Bloomberg, actual líder do sector.
Que papel para o jornalismo?
Maio 7, 2007Cada vez mais, reconhece-se o papel decisivo que as fontes desempenham na produção noticiosa. É sustentada como uma verdade quase irrevogável que hoje não há jornalismo sem fontes. Não há notícias se não houver quem as dê a conhecer aos jornalistas.
Aquilo que é importante perceber nesta relação entre o Jornalismo e as Relações Públicas é quem controla a agenda mediática, isto é, quem controla a produção da informação? Porque, sabemo-lo, a informação é poder.
Os RP têm objectivos claros na sua relação com os jornalistas. Querem-se mostrar prestáveis e necessários, não antagonizando a Imprensa de modo a poder contar com ela para passar as suas comunicações. É um jogo feito às claras. Aliás, Gabriel Garcia Marquez já havia reflectido sobre isso quando sublinhou que “o pior do ofício [jornalismo] é que somos instrumento das fontes”.
Os jornalistas sabem que estão a ser “usados”. Sabem que um RP não se mostra prestável para apenas passar informação para o seu público. Há uma intenção mercantilista por detrás das suas acções. Aquilo que ele defende é o interesse da sua organização, não o do seu público – pelo menos não em primeira linha. Não é por gosto pessoal que os jornalistas são contactados pelos assessores. É, apenas, porque estes têm uma agenda e a concretização dessa agenda precisa dos média enquanto veículo.
Pedro Garcia Rosado refere que “não vale a pena fazer de conta que não há notícias inventadas” numa clara alusão ao papel dos assessores na construção das notícias divulgadas. Posto isto, como se deverá comportar o jornalista?
Em primeiro lugar, ele deve duvidar de tudo. Nunca poderá levar como certa toda a informação passada por um RP, nem publicar a mesma sem a submeter a um rigoroso tratamento de inquisição jornalística. Aliás, será a procura pela garantia da veracidade que servirá como suporte para a validação do papel do jornalista no futuro. Ele terá de ser capaz de, em cada altura, atestar pela veracidade e boa-fé das notícias que produz.
Um outro aspecto assaz importante e, provavelmente, mais relacionado com o estudo da relação Jornalista/RP é a capacidade de compreender o que motiva as fontes de informação, saber que estas fazem o seu jogo – não são espectadores neutros e desinteressados – e que será função do jornalista perceber qual a verdade da informação passada por essa mesma fonte. Se eles – jornalistas – apresentarem posições inertes e acríticas, então o futuro da arte estará em causa.
Se, por outro lado, forem capazes de ser dinâmicos e de usarem a fonte como uma mera ferramenta de iniciação da construção jornalística e procurarem ser eles a criar a notícia, então teremos jornalismo por muito e bons anos. Mas, isso implicará maior capacidade de mobilização dos jornalistas. Estarão eles prontos para abandonar a secretária e irem ao encontro da notícia? Veremos.